Ócio à esquerda

29/05/2023
an humanoid robot barefoot inside a jungle

Estou gostando de flertar com o ócio e a negação do ócio (negócio).

Porque estou sentindo que os negócios estão pedindo ócio. E sinto que a direita representa o negócio, e a esquerda representa o ócio.

Por isso até os EUA, rico negociador, consumidor, trabalhador, tem sido seduzido pelo ócio, pela esquerda.

O resto do mundo - Brasil certamente - só ecoa. Portanto voltemos à fonte do movimento.

Este movimento move camadas tectônicas. Culturais. Mas não menos tectônicas. Grandes camadas.

Flertar com a miséria - o consumo raro, premiado pelo trabalho raro - é mais esquerdístico. Amar no morro.

Flertar com a prosperidade - muito consumo, também com muito trabalho - é mais direitístico. Casamentos exuberantes.

Um dia poderemos parar de sublocar "esquerda" e "direita" para chamarmos as coisas pelo que elas realmente sejam: ócio, negócio. (Apenas se minha tese tiver fundamento).

Ócio ou negócio?

Filmes como Matrix e O show de Truman já foram analisados por Harari em seu terceiro livro com a bela conclusão que depois da Matrix, ou depois do estúdio de Truman, há os mesmos problemas.

Traduzindo: mesmo depois que formos à Marte na nave de Elon Musk e/ou andarmos de carro elétrico que dirige sozinho e/ou tivermos conexão com uma inteligência artificial generalista via neuralink sem precisar digitar, estaríamos, ainda, presos ao que o filme Divertidamente cartunizou: uma dúzia de emoções que nos guiam.

Lá em Marte. Em Vênus. Na nuvem. Em qualquer lugar. De qualquer modo.

Esse ponto de vista tira um pouquinho do charme da negação do ócio, do negócio: "por que criamos tanta coisa?". Realmente, não há muita coisa depois.

Mas o ócio é o príncipe encantado?

Começo respondendo assim: tire o tênis e não use mais rodas.

Tênis, chinelo, roda, são invenções que negam o ócio.

Eu sei que podemos ficar descalços trepando na floresta. E comendo, e conversando. Sem rodas.

Realmente: o ócio é totalmente possível. Sem negócios. Sem produzir. Sem inventar. Sem consumir novos designs e produtos.

Mas não é tão simples quanto somente trepar, comer e conversar.

Aparentemente queremos inventar.

Mesmo que após qualquer invento, sigam os mesmo, agora quatro, desejos: trepar, comer, conversar, inventar.

Eu não me preocuparia demais: o amor nos envolve como um útero. Nele, não sentimos o que está em volta.

a couple in love inside a protective bubble

Termino com este duplo sentido.